4.10.2012

sobre o espaço/tempo, os encontros e as nostalgias

minha vida transcorre devagarinho.... como estou acostumado. minha rotina, minha alimentação de 3 em 3 horas, minhas corridas e caminhas num aparelho de academia que não me levam pra lugar nenhum, suor, dor, fome, trânsito. meu mal humor rotineiro, minha vontade de amar e ser amado, minhas aulas de dança, minhas descobertas como professor, o movimento que me move o tempo todo.
quando chega a hora de outra viagem, me vem aquele desânimo, aquela preguiça, o stress que já antecipo.... vou arrumar minhas malas, de última hora como sempre.... viro noite sem dormir, fico ansioso, não consigo escolher que roupas levar, sempre coloco mais coisas do que preciso. e desta vez, me ocorreu, que em algum lugar, ou em vários lugares, tem alguém, fazendo a mesma coisa que eu, arrumando suas malas, esperando seus aviões, com suas expectativas, vontades, frustrações, conquistas, amigos, vida..... pego meu carro, vou até minha casa num bairro de periferia, me despeço de minha família... naquela rua que era de terra quando eu era criança, onde brinquei, cresci. que hoje é de asfalto esburacada, com esgoto vazando. mesmas paredes, lembranças, mudanças. eu, minha síntese, minha vida.... prestes a ser descolado, recortado, como várias outras pessoas, em vários lugares do mundo. espaços subitamente subtraídos. tempo subitamente encurtado.
o encontro com o novo, o diferente, a língua, a cultura. acabo sempre me animando, perdendo a preguiça, deixando o desânimo de lado. já é parte da minha vida, já me canso, já não me empolgo, mas ainda me alimento, cresço, aprendo, me modifico, a cada nova bolha. a cada nova dobra desse tempo espaço recortado, extraído, quase que abduzido do meu mundo/infância/identidade. aquilo que sou. a vida que tenho. na minha cidade. no meu país.
temperatura, cor, ar, hábitos. tudo diferente. tudo se intensifica num encontro potencializado. de emoções, aprendizados, experiências.
6 dias que valem 6 meses.
e a nostalgia e a saudade, as vezes parecem a de 6 anos.

e tão rápido quanto vieram, se vão, pra eu voltar pra minha vida que transcorre devagarinho.....

1.26.2012

sobre as reconciliações

se reconciliar com alguém, ou com uma situação mal resolvida não é algo fácil.
hoje foi um dia de reconciliações, reencontros... redescobertas... lembranças, nostalgias...
mas descobri que se reconciliar, é se apaziguar consigo próprio, antes de qualquer coisa, ou pessoa, ou situação.
tenho pensado muito ultimamente sobre essa questão da velocidade do tempo, do quanto as coisas têm parecido passar rápido, passar por nós sem que as percebamos. a velocidade. e sobre isso que muitos dizem que "o tempo cura", que "pra tudo o tempo resolve".
e no turbilhão, pessoas se perdem, se esvaem, se vão. e eu tenho essa tendência, de querer manter, correr atrás, reconciliar... reparar.
mas descobri que podem passar dias, meses, anos, décadas... o tempo não cura, não resolve, se você não se reconcilia consigo mesmo, se perdoa, se percebe nos seus limites, nos seus erros, se aceita. aceita sua condição, errante. é preciso crescer, é preciso se ver, é preciso se perceber, se entender. e se perdoar. ser generoso consigo próprio, com seu humano.
e daí sim olhar para outro, disposto, aberto para se deixar conquistar de novo, aberto para colocar o outro em perspectiva, desapegar... trazer leveza pra seguir em frente.
não se repara nada.... se aceita, se aprende, se perdoa e pede perdão, se absolve e se segue.
to muito feliz de ter descoberto todas essas coisas hoje.
de ter olhado para os reencontros, com possibilidades de transformação. sem as antigas vontades de retorno, de reviver algo que o tempo já deixou pra trás.
to muito feliz de estar conseguindo me ver e me olhar, com leveza, com humildade e generosidade. me descobrir calmo, com fé na capacidade do mundo de se organizar, e gentilmente trazer em seus ventos suas respostas sábias, seus singelos ensinamentos...
nesse sentido, o tempo se relativiza.... o tempo é nada se vc não se transforma.