7.27.2010

sobre o que esperar

lindo! :)


Do que espero:
 
Sabe aquele dia de sol
em que tudo pára no seu brilho amarelado
em que tudo paira num calor aconchegado
quando virá eu não sei.
 
Sabe aquele tempo sem pressa
em que as coisas acontecem por si
em que os planos já não fazem sentido
quando virá eu não sei.
 
Sabe aquele sabor de fruta carnuda
que enche a boca de água e doçura
que cala a palavra mas provoca o gemido
quando virá eu não sei.
 
E sabe aquele sorriso
Às vezes entrega, às vezes abrigo
Intenso de cores num planeta íntimo
quando virá eu também não sei.
 
Mas sabe aquela torcida
Às vezes ansiosa, por vezes melancólica
Aquela que na vida fez suas apostas
Esta permanece aqui.

diário de bordo - teresópolis e petrópolis/RJ

viemos com o "só" para o festival de inverno em teresópolis e petrópolis.
confesso que rolou uma decepção em relação às duas cidades.... acho que talvez um pouco por eu sempre ter ouvido falar e ter alimentado uma grande expectativa em relação às cidades da serra no interior do rio. bom, o fato é que eu imaginava uma coisa muito diferente... hehehe. não que sejam bonitas.... mas estão muito longe da imagem que eu tinha criado na minha cabeça. claro, tem sempre àquela questão que passamos pelas cidades muito rápido, em muitas vezes não dá pra conhecer muita coisa além do hotel e do teatro. isso é realmente uma pena. me disseram inclusive que estava na parte ruim da cidade, que ali... mais na frente, era muito mais bonito.... hehehe. bom, infelizmente, o que eu vi... não gostei. principalmente teresópolis. nada muito diferente de qualquer outra coisa. sei lá.... fiquei esperando aquelas cidadezinhas aconchegantes, com muitas flores, casas de madeira... hahahaha. engraçado.

o que foi bom é que tava friozinho e no alto tem muita neblina e umidade. um super descanso para minhas vias respiratórias que estavam super desgastadas naquela secura de goiânia.

uma coisa que voltou nessa viagem foi a intensidade das coisas. acho que uma intensidade interna mesmo, talvez minha maneira de me relacionar com as pessoas, as lembranças, as perdas, as mudanças. fico assim, intenso. agitado internamente, completamente disperso, gastando energia com o que não vale a pena. mas tem o lado bom dessa intensidade, talvez quando eu consigo por pra fora.... exteriorizar...... chorar. chorei. e foi bom. apesar de triste....

não sei também se é porque essa é nossa última viagem do semestre.... e o resto do ano ainda é uma incógnita, com muitas modificações no panorama das coisas. então já rola um misto de perda, saudade, nostalgia de algo que nem acabou ainda. estou agora em campos dos goyatases, também no rio, dançamos aqui depois de amanhã e seguimos pra sampa. (sempre sampa...) depois de sampa 2 semanas de folga. então fica essa ansiedade, de término e recomeço. como se tudo que precisasse ser feito ou dito tivesse um prazo, tempo contado.... fico mais vivo quando me sinto mais intenso. sofro mais também. me gasto mais. me concentro menos...

tava pensando hoje também que dentro desse processo preciso entender/desenvolver um jeito de me envolver menos com as coisas. acabo me maltratando demais. e isso é ruim. como me preservar no meio de tanta energia? recluso.

petrópolis foi bem mais bacana que teresópolis. assisti uma peça dentro do festival de inverno que nem era tão boa mas foi legal pois a MUITO tempo não ia ao teatro como expectador. andei de pedalinho, comi sanduíches gostosos de linguiça alemã. não conheci muito da cidade também mas a parte que fiquei era bonita. o sesc lá é lindo, palácio da quitandinha. vi uma exposição de bonecos e bonecas. ontem antes do espetáculos, fomos fazer aula pra nos aquecer dentro de um salão lindo, todo decorado, com piso de taco, lustres.... o sol estava se pondo e haviam muitas portas e janelas de vidro... a luz entrava na sala, e eu me movimentava. agradeci por aquele momento. aquele instante. a maneira de perceber as coisas faz toda a diferença na sua relação com os espaços, as pessoas e, consequentemente na sua relação consigo mesmo. têm sido cada vez mais raros esses momentos de apaziguamento, tranquilidade interna e contemplação. fico grato.

chegamos hoje em campos dos goytacases.......

7.20.2010

diário de bordo - anápolis/GO

anápolis foi a penúltima cidade desse projeto de circulação pelo interior do estado. dançamos lá dia 16 e 17. como é bem perto de goiânia não dormimos lá fomos e voltamos os dois dias.
o bacana do segundo dia foi que minha família pôde ir assistir. é o segundo espetáculo da cia que eles assistem comigo. são espetáculos beeeem diferentes entre si então achei legal pois eles puderam me ver em momentos bem diversos. é sempre muito estranho para eles..... então, quanto mais forem, pra mim é melhor.

com anápolis encerramos então o bloco interior e do PIF desse semestre. fica somente a última, itumbiara, no fim de agosto.

voltamos agora para o "só" no interior do rio e sampa.

malas de novo....

7.15.2010

diário de bordo - goiás velho/GO


foi uma viagem rápida. quase um bate e volta. de terça pra quarta.
a boa e velha goiás, a de sempre, a das primeiras descobertas, primeiras danças.
parece que nem nostalgia ando conseguindo mais sentir... hehehe.
mesma sensação da última vez que fui à são paulo: os lugares estão se (des)impregnando de memórias e afetos.
tempo muito seco, sinusite atacada, muita dor de cabeça, retorno de coisas chatas durante a apresentação, insatisfações.
pouco a dizer...

7.01.2010

diário de bordo - bogotá/colômbia

MUITO.
é a palavra que descreve bogotá. um pouco a cidade mas um pouco também minhas sensações dessa viagem nos seus 6 dias de duração.
muito barulho, muito cansaço, muita cor, muito carro, muita gente, muito luxo, muita emoção, muita gratidão, muita constatação, muita realidade.
foram 6 dias com três apresentações do "só tinha de ser com você". o teatro era lindo! muito grande, bacana, palco ótimo. tinha acabado de ser reformado. os 3 dias contaram com a platéia quase cheia, e uma ótima recepção do público. bom que agora dançar o "só" já não é mais um bicho de 7 cabeças. hehehe. é sempre um espetáculo difícil, que exige muito, mas que já não me causa tanto nervoso e ansiedade. mais uma vez, procuro sempre descobrir outras coisas, outros movimentos, outros momentos no espetáculo. como bogotá fica a quase 3 mil metros de altitude o ar é muito mais rarefeito, portanto nos cansamos muito mais facilmente! essa foi uma das diferenças de dançar lá... em cada lado do palco, havia um botijão de oxigênio para respirarmos nos momentos mais críticos de falta de fôlego!

os dias foram então marcados por essa sensação de cansaço constante, peso e areia nos olhos, uma dor de cabeça funda e constante entre os olhos. tudo meio ofegante sempre. mesmo depois de já acostumados era só andar alguns quarteirões que a sensação já voltava.

uma das coisas bacanas dessa viagem é que teve um dia que saí sozinho. sem mais ninguém da cia. nem sempre isso é possível pois estamos sempre juntos, fazendo coisas juntos, dormindo juntos, tomando café  juntos.... bom, eu sei que preciso desses momentos. só comigo. acho que preciso inclusive me esforçar mais para criar momentos assim, onde eu possa estar mais tranquilo, numa frequência de vibração mais baixa, com a oportunidade de me ouvir e me perceber mais. foi o passeio mais bacana que fiz, no meu tempo, na minha vontade. tirei minhas fotos, tomei café, tomei chuva.... fui aos museus, pontos históricos. só. e bem.

um outro momento assim foi quando visitamos a igreja monserrate. uma igreja que fica no topo de uma montanha ao redor de bogotá. o acesso é feito de bondinho ou "funicular" (uma espécie de trem que sobe montanha acima).... e lá, no alto, apesar de ter ido com outras pessoas, fiquei a maior parte do tempo sozinho. tive um momento muito especial, que não tinha a muito tempo, olhando bogotá inteira lá do alto, sentindo o vento, o frio, aquela sensação ofegante de falta de ar. me senti muito grato por estar ali, por ter aquela oportunidade, o privilégio de estar num lugar tão bonito, tão único! das montanhas acima, vinham nuvens negras, o tempo todo fechava e começava a choviscar. no momento seguinte abriam-se nuvens e raios de sol tomavam conta e iluminavam tudo. um lugar mágico. rezei, chorei e agradeci.

os museus lá também foram incríveis. visitei o museu do ouro, a casa da moeda e o museu botero! o botero sem dúvida foi o mais fascinante. além das obras dele, inconfundíveis, haviam diversas obras incríveis de artistas importantes de diferentes períodos. muito muito bacana! mais uma vez um privilégio.

saldo da viagem: preservar mais meus momentos, minha necessidade, meu tempo. fumar menos. me perceber mais. respeitar meu tempo, meus limites. ser mais sincero com minhas necessidades.